Diz o Dieese, em boletim de conjuntura divulgado em julho: “A pandemia aprofundou a desigualdade social, aumentando o número de pessoas em situação de extrema pobreza, segundo dados do Cadastro Único para programas sociais (CadÚnico). Em março de 2020, início da pandemia no Brasil, havia cerca de 13,5 milhões de pessoas nessa condição, contingente que, em março deste ano, havia aumentado em 784 mil pessoas”. Embora destaque o período de crise sanitária, acrescenta que “o número de pessoas na extrema pobreza já havia aumentado entre 2019 e 2020, portanto antes da pandemia, em 3,0%. Isto é, entre o início de 2019 e o início de 2021, quase 1,2 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza no Brasil, o que corresponde a um aumento de 9,0%.”
Economia estagnada.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no 1º trimestre de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, foi de 1,2%. Pífio.
Defensores do modelo econômico adotado no país, o neoliberal, classificam o resultado como indicador de início da recuperação brasileira e há telejornais paulistanos que enfatizam, diariamente, a ampliação da oferta de empregos em São Paulo, querendo fazer parecer amostra do país.
Esse início de recuperação, tantas vezes anunciado, não tem fim, e as novas ofertas de postos de trabalho não se refletem em dados: o número de desempregados, segundo o IBGE, passa dos 14 milhões e cresce. Se a eles forem somados empreendedores, os por conta própria e entregadores autônomos – todos rótulos atribuídos àqueles que realizam trabalhos temporários, bicos ou se aventuram em duas rodas – o contingente é de 33 milhões. Há, ainda, 6 milhões que já desistiram de procurar emprego, os ditos desalentados.
Milhões também são os alcançados pela fome: a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar estima em 116,8 milhões o número de pessoas que, em 2020, conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar. Entre elas, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros enfrentavam a fome.
Isso que é o país, vale lembrar capitalista desde sempre e muito longe de ser uma nação. E, por tal feitio, se pauta pelo teto de gastos em nome de equilíbrio fiscal, por programas sociais que nem bem permitem a compra de cestas básicas, com vacinas após centenas de milhares de mortes e pela saúde como negócio, no sentido amplo desse substantivo, entre outros requintes.
Em compensação, o sistema proporciona ao Brasil a inclusão de dez novos bilionários na lista da Forbes Money de abril de 2021. Naturalmente, figuras do mercado financeiro e securitário, donas de gigantes do varejo de vestuário e de alimentação. Elas se juntam a membros de famílias controladoras de meios de comunicação sob concessão pública, comerciantes de medicamentos, banqueiros e até a varejista preocupado com impostos sobre grandes fortunas, que, segundo ele, empobrecerá os mais ricos.
A íntegra da Boletim de Conjuntura do Dieese está disponível em https://www.dieese.org.br/boletimdeconjuntura/2021/boletimconjuntura29.html