OUTRAS ESCRITAS

Correios privados e o petróleo que era nosso.

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o mais recente anúncio de empresa a ser privatizada.

A companhia alcança todos os municípios brasileiros e, entre tantas atividades, atua no Programa de Distribuição de Livros Didáticos, Programa Leve Leite em Pó, na distribuição de medicamentos para o Governo de Minas Gerais. É lucrativa, embora um jornal da mídia hegemônica, ao defender sua privatização, tenha destacado que a empresa, além de não suportar os investimentos necessários, alcança lucros apenas modestos.

Modestos ou não, são lucros da União, ganho público. Quando privatizada, talvez a companhia registre lucros não tão modestos, mas a determinado número de sócios privados.

A privatização dos Correios tem na logística um dos grandes nacos. Encomendas, com ou sem pandemia, crescem e crescem bastante. Aí está o mercado desejado. Privatizar o que já foi construído nesse segmento é a concessão de privilégio aos novos donos em detrimento do público.

A agenda neoliberal, de privatiza-se tudo, é a do Ministério da Economia do governo Bolsonaro. Na Caixa, sócios privados chegaram a seu balcão por meio de seguradoras. A Eletrobras será partilhada com o atrativo de reservas de mercado, com custo mais elevado de energia. Na Petrobras, BR Distribuidora já nas mãos do mercado e as refinarias sendo transformadas em subsidiárias a serem alienadas.

Um pouco de história

A luta conta a privatização é difícil, especialmente quando grandes influenciadores repetem e repetem o maniqueísmo entre o mal, que é estatal, e o bem, que é privado.

Independentemente se ideológico ou não, por parte de grandes influenciadores o apoio ao privado se manifesta desde sempre.

Em a “História da Imprensa no Brasil” (São Paulo, Intercom; Porto Alegre, EDIPUCRS, 2011), Nélson Werneck Sodré, ao mencionar a então dependência da imprensa brasileira em relação a capitais do exterior, diz que “nos últimos anos da primeira metade do século, surgiu no palco grave problema nacional: o da exploração petrolífera”. Eram os anos 1940. Lembra o historiador a “propaganda imperialista, de que o Brasil não tem petróleo”, acrescentando: “encontrado petróleo dos poços de Lobato, esse refrão foi rapidamente substituído; a tecla, agora, girava em torno de recursos: o Brasil não tem capitais”. E ele conclui: “enquanto a polícia do governo Dutra, nos velhos moldes estadonovistas, espancava os que defendiam a tese da exploração estatal dos nossos recursos petrolíferos, a imprensa se unia para sustentar as teses antinacionais de entrega desses recursos à exploração estrangeira”.

À época, empresas dos Estados Unidos pretendiam esses negócios. No entanto, em campanha que por alguns anos envolveu a população, a Petrobras foi fundada em outubro de 1953. O Petróleo era nosso.

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