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O avesso da pele

O Avesso da Pele (Companhia das Letras, 2020), de Jeferson Tenório, foi alvo de censura pelo Núcleo Regional da Educação de Curitiba, da Secretaria de Educação do Paraná. O trabalho de Tenório, professor e pesquisador radicado no Rio Grande do Sul, integra o Programa Nacional do Livro Didático 2022. Na opinião da autarquia paranaense, há na obra trechos com “expressões, jargões e descrição de cenas de sexo” que seriam “inadequados a menores de 18 anos”, registra a Agência Brasil em matéria de 6 de março.

Antes disso, a diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, de Santa Cruz do Sul (RS), havia desaprovado o livro por conter, segundo ela, “vocabulários de tão baixo nível”. A Secretaria de Educação gaúcha, no entanto, publicou nota esclarecendo não ter orientado a retirada da obra das bibliotecas da rede estadual de ensino.

Em declaração à Agência Brasil, Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti 2021 categoria romance com essa obra, lembra que o livro “traz algumas cenas e algumas frases que são justamente utilizadas para agredir pessoas negras e periféricas”, frases que demonstram “como as pessoas negras são vistas, como elas são sexualizadas, como elas são violentadas na sociedade.”

O avesso da pele relata o racismo, a violência policial e a educação desde sempre precária. Não é gratuita a frase de Jeferson Tenório em um dos capítulos finais: no sul do país, um corpo negro será sempre um corpo em risco.

Um livro necessário.

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