O nada repetido à exaustão
Negociações permanentes entre a Caixa e trabalhadores são garantidas em acordo coletivo, cláusula 48. Aliás, a cláusula menciona ainda “de boa-fé”, o que, se assim fosse – há de se convir – desnecessário seria mencionar. Os temas levados à Caixa pela Comissão Executiva de Empregados (CEE), a representação dos trabalhadores, e as pendências relativas a eles, se repetem. Há conversas, de fato; soluções, não.
Os encontros têm se prestado à produção de imagens curiosas, de membros da CEE por vezes carrancudos, por vezes sorridentes, portando cartazes ou entregando panfletos aos representantes da Caixa. Não há avaliação quanto ao impacto dessa iniciativa.
A argumentação para a defesa de cada ponto, considerando-se o que é divulgado aos bancários pelos sites de entidades representativas, é confusa. Na reunião mais recente, tratando da abertura de unidades aos sábados, a CEE exigiu da Caixa que os gerentes “devem ter garantido, pelo menos formalmente, um dia de folga”. Então, informalmente se admite a inexistência desse dia?
Saúde Caixa
Em relação ao programa Saúde Caixa, reivindica-se a correção do cálculo do superávit, fruto de exercícios anteriores e contabilmente registrado pela Caixa, que o teria realizado equivocadamente. Não há informação de que a empresa tenha se comprometido a eliminar tal equívoco. No relato da reunião feito pela Fenae, matéria de 23 de outubro, também se menciona a “limitação da contribuição para a assistência à saúde dos empregados a 6,5% da folha de pagamento, prejudicando assim o processo de sustentabilidade ao programa”. A CEE não cita, mas tal limite aparece, também, no parágrafo terceiro da cláusula 32 do acordo coletivo por ela defendido em 2018. Portanto, é parte do pacto com a Caixa. Da mesma forma, é parte do acordo coletivo, no caso cláusula 33, a não inclusão no Saúde Caixa dos bancários admitidos pela empresa a partir de 1/9/2018. A assistência a esses trabalhadores será por reembolso, limitada a 50% do dispêndio ou a tabela estabelecida em normativo interno recentemente divulgado, o que for menor.
Fatiamento da Caixa
Houve, ainda, menção à cobrança da CEE por “informações sobre o processo de fatiamento da empresa, assim como sobre todo o organograma planejado pela Caixa a respeito do projeto de abertura de capital”. Não há, aqui também, registro quanto à garantia de apresentação de tais informações pelos representantes da empresa.
Estratégia
Desde sempre, negociações se condicionam, na prática, ao que se denomina correlação de forças. Repetir indefinidamente encontros inconclusivos é mera conveniência da empresa. Mais adequado seria se a Comissão Executiva dos Empregados, cujos integrantes se vinculam às maiores entidades representativas de bancários no país, priorizasse a realização de campanhas, a luta, em vez de se dedicar apenas a encontros.