COISAS DE AGORADESTAQUE

Contra o sionismo, nada contra judeus. Por uma Palestina laica e soberana

De autoria do jornalista Breno Altman, editor do portal Opera Mundi, o livro “Contra o Sionismo – retrato de uma doutrina colonial e racista” (Editora Alameda, 2023) relata a política colonial e de limpeza étnica promovida na Palestina por sionistas há mais de sete décadas.

Antissionismo e antissemitismo

Altman destaca que se opor ao sionismo não é antissemitismo, não é discriminação aos judeus. Para o jornalista, de família judaica, parte da qual vítima de nazistas na Segunda Guerra (1939-1945), “ser judeu está relacionado ao pertencimento a uma etnia, a uma herança cultural ou até mesmo a uma religião. Ser sionista é apenas aderir a uma corrente política do judaísmo, a essa corrente vinculada ao pensamento de Theodor Herzl, que defende a criação de um estado judeu”.

Altman diz que, embora muitos judeus defendessem sua integração em outras regiões independentemente de predominância religiosa ou origem, a opção sionista no início dos anos 1900 foi a de construir um “lar judeu” sob o lema “uma terra sem povos para um povo sem terras”.  Patagonia, Uganda e Congo estavam na mira, mas a escolhida foi a Palestina, a terra prometida, a antiga Canaã, com a vantagem de ser região próxima de centros econômicos avançados. Nesse tempo, judeus na palestina eram menos de 10% da população, então predominantemente árabe. No holocausto morreram milhões de judeus, o que fortaleceu a ideia de criação de Israel. Partilha definida pela ONU em novembro de 1947 destinou 53% da Palestina aos sionistas, para criação de seu estado, e 47% restantes para a criação do estado Palestino, embora palestinos fossem mais de dois terços da população.

Hamas e direito à luta contra colonialista

Israel foi criado em maio de 1948 e, em um ano, com suas ações militares já dominava 78% da região inicialmente destinada a dois estados. Impôs desabrigo e fuga a 700 mil palestinos. Conflitos com nações árabes se sucederam nesses quase oitenta anos, sempre com o mesmo resultado: instalação de colonos judeus, despejo de palestinos e, quando resistentes, mortes.

Altman menciona grupos de resistência palestina, entre eles o Hamas. Fundado em 1988, é uma corrente religiosa islâmica sunita, simultaneamente partido político, organização militar e entidade beneficente. O Hamas venceu eleições parlamentares em 2006 frente a outros grupos na Faixa de Gaza e Cisjordânia. O resultado das eleições, consideradas limpas por observadores da União Europeia, não foi aceito por Israel. Rejeição de Israel, sanções econômicas impostas por sionistas provocaram disputa entre grupos palestinos pouco tempo depois. Ao Hamas restou a Faixa de Gaza, 365 km2.  e 2,1 milhões de pessoas. Desde 2007, diz Altman, “Israel mantém total bloqueio à Faixa de Gaza, por terra, ar e mar, de bens e pessoas, tornando-a verdadeiro gueto controlado por exército de ocupação de fronteiras”. As ações do Hamas em 7 de outubro não podem ser consideradas tresloucados, diz o jornalista: “devemos sempre condenar e lamentar quando os alvos são civis, mas nós devemos levar em conta o conjunto do processo histórico: o Hamas não deu origem a essa situação, o que fez foi responder a uma situação de castigos brutais ao povo palestino. Os povos têm o direito de lutar contra o colonialismo”.

Breno Altman conclui dizendo: “A luta implacável contra as ideias e as instituições do apartheid sionista representa o único caminho para construir um futuro democrático, soberano e laico para toda a Palestina, para árabes e judeus, para todos os povos, etnias e crenças da antiga Canaã. Somente assim haverá uma paz justa e duradoura.”

 

You may also like

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *