COISAS DE AGORA

A Limpeza Étnica da Palestina

Livro de Ilan Pappé, historiador israelense de família judia, “A Limpeza Étnica da Palestina” (Editora Sundermann) relata estratégia e ações do movimento sionista visando a não apenas criar o Estado de Israel na região palestina, mas também à expulsão da população árabe local.

O estado de Israel, proclamado em maio de 1948, é resultado da Resolução da Organização das Nações Unidas de dezembro de 1947. Proposta inicial da ONU previa que a Palestina, região dominada por britânicos desde o fim da Primeira Guerra Mundial (1918), seria dividida em três partes: 42% da terra sob domínio de palestinos e 56%, portanto a maior parte, caberia aos sionistas. O restante, um pequeno enclave em torno de Jerusalém, teria jurisdição internacional. Árabes rejeitaram a solução. Afinal, eles viviam ali, compunham 2/3 da população local e eram donos de 95% das terras.

Diz o historiador: David Ben-Gurion, líder sionista de então e, mais tarde, primeiro-ministro de Israel, ante “a rejeição categórica do esquema pelos governos árabes e pela direção palestina”, entendeu que “poderia tanto aceitar o plano quanto trabalhar contra ele”, pois “se o mapa do plano da partilha não fosse satisfatório, o estado judeu não seria obrigado a aceitá-lo”. E acrescenta: para Ben-Gurion, as fronteiras “serão determinadas pela força, não pela Resolução da Partilha”.

Limpeza étnica, lembra Pappé, é conceito definido como um crime contra a humanidade. A ação sionista, desde a aprovação da Resolução, foi marcada pelo fortalecimento de sua força militar ante a quase nenhuma força militar palestina da região. Assim, aos colonos palestinos eram oferecidas duas alternativas: saírem ou morrerem em suas casas. Alguns morreram, mesmo saindo. As casas, quando abandonadas, eram saqueadas e as terras ocupadas por colonos judeus, incentivados a migrar de outras regiões.

Portanto, a prática atual, em relação a Gaza, não é novidade: ela se aplica por sionistas desde antes da criação de Israel e nada indica que será interrompida. Há inúmeras Resoluções da ONU reafirmando a criação de um estado palestino. Não são cumpridas e a solução de dois estados na região é, hoje, considerada improvável por analistas. Nem Israel nem seu principal padrinho, os Estados Unidos, pretendem se submeter a ela.

Segundo o portal Opera Mundi, “a guerra, fruto de uma política de apartheid de israelenses colonos, tem como pano de fundo a questão territorial. Desde a fundação do Estado de Israel, em 1947, o país promove a segregação e ataques contínuos ao território palestino”. Registra o Portal, também, que “hoje (17/10), um membro do gabinete de emergência do governo de Israel Gideon Sa’ar disse claramente que há a possibilidade de Israel tomar mais territórios palestinos após a escalada de violências sem precedentes na região. ‘Primeiro, porque é uma questão de segurança nacional. Tanto no Leste quanto no Norte, eles terão que perder esse território. Segundo, porque a perda de terras é o preço que os árabes entendem’ ”. 

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