Primeiro de seis artigos da série A Caixa e seus empregados nos governos desde o Plano Real
Empregados da Caixa Econômica Federal, a exemplo daqueles vinculados a outras empresas públicas e ao funcionalismo federal, perderam e perderam muito de seu poder de compra nos dois governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Houve ganhos reais nos governos Lula da Silva (2003-2010), exceção ao verificado no primeiro ano da gestão, e Dilma Rousseff (2011-2015). No governo Temer, ganho residual. No governo Bolsonaro a perda está de volta.
Observada a variação acumulada em cada um desses governos, constata-se mais claramente a diferença significativa. A perda no período FHC também atingiu aposentados e pensionistas participantes de fundos de previdência, aos quais não se concedia, então, nem mesmo um ou outro abono salarial autorizado aos empregados na ativa.
A política econômica de cada um desses governos e o enfoque em relação à atuação de empresas estatais foi e tem sido determinante para essa situação.
Os dois mandatos de FHC orientaram-se pelo Consenso de Washington. Em outras palavras, por diretrizes consolidadas em novembro de 1989, na capital dos Estados Unidos, durante reunião entre representantes do governo desse país e organismos financeiros sob sua influência – Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento. Essas diretrizes, destinadas aos países latino-americanos, ainda hoje atendem ao interesse de potências do hemisfério norte. Entre elas, liberalização financeira e cambial, liberalização comercial, privatização, desregulação, priorização dos gastos públicos, coisa que pode ser traduzida por cortes.
Nos governos Lula e Dilma, em que se combinaram ações do Estado e da iniciativa privada, bancos públicos tiveram seu papel valorizado. Entre outras iniciativas, essas instituições foram orientadas, a partir de 2009, a atuar agressivamente no crédito, o que lhes proporcionou crescimento de participação no mercado. Em 2013, elas totalizaram saldo em operações de crédito superior ao das instituições privadas, somadas aí as de capital nacional e as de capital estrangeiro. Essa situação se reverteu recentemente, no governo Bolsonaro, com bancos privados voltando a predominar.
No caso da Caixa, vale registrar ainda que sua estrutura de atendimento foi incrementada: em 2002, último ano de FHC, 2.081 agências e postos de atendimento, com 55.778 empregados; em 2014, na gestão Dilma, 4.205 unidades e 100.677 empregados, com política de redução do número de terceirizados e elevação no total de concursados. Agora, no governo Bolsonaro, base junho de 2022, redução do quadro a 86.901 empregados, com 4.281 unidades.
Na próxima quarta-feira (19), Saúde Caixa, o segundo artigo desta série