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Apcef São Paulo, 117 anos: o desafio de agora

A Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal de São Paulo – Apcef/SP completa 117 anos neste 2 de abril. Em mais de um século, diferentes denominações e, entre mudanças em sua atuação, a que efetivamente a transformou ocorreu em 1986. Naquele ano, foi eleita a primeira gestão Nossa Luta, com sua diretoria integrada por lideranças paulistas do então nascente movimento organizado dos empregados da Caixa.

A disputa eleitoral por associações de pessoal no país não foi acaso. O direito à jornada de 6 horas e à sindicalização, portanto ao reconhecimento da condição de bancário, resultou da campanha de 1985, primeira nacionalmente organizada na Caixa. Ao mesmo tempo, comemorado o vínculo a sindicatos de bancários, compreendeu-se a importância de fazer dessas associações instrumento de organização e luta. A Apcef/SP, então Abef – Associação Beneficente dos Economiário Federais – era a maior delas.

Primeiro ano desde o fim de generais ditadores que se sucederam no poder (1964-1985), a Caixa, sob a Nova República de José Sarney (1985-1990), percebeu uma associação em São Paulo engajada na luta. Em consequência, rapidamente eliminou a destinação de recursos, recursos que por décadas sustentaram a entidade. Ruim para as finanças, excelente para reafirmar a independência.

Desde então, participação e liderança em inúmeras campanhas e lutas bem-sucedidas em São Paulo e no país. Entre elas, a de reintegração dos 2.341 demitidos em 1990, outros 38 em greve daquele mesmo ano, dos 110 em greve de 1991 e dos quase 500 por conta da RH 008, norma que permitia nos início dos anos 2000 a demissão sem justa causa na Caixa.

Quase quarenta anos passados, a estrutura de lazer e de serviços da Apcef cresceu significativamente. Suas demonstrações financeiras revelam, no entanto, resultados operacionais negativos, com equilíbrio alcançado por meio de aplicações financeiras. O número de associados, embora a entidade não tenha por prática divulgá-lo periodicamente, se reduz a cada ano, segundo dados obtidos nacionalmente. A perda de associados entre os ainda empregados da Caixa está se acentuando; entre aposentados, aparentemente a perda se dá em proporção menor. Por fim, a ação sindical da Apcef, marcante e de liderança em tantas campanhas, revela-se em período recente meramente submissa à maior das entidades bancárias.

Por sua história, a Apcef/SP tem um desafio. A Caixa de agora, parte de um sistema financeiro oligopolizado, faz dos clientes realizadores de tarefas outrora de bancários, com bancários tendo tarefas muito mais complexas, bem diferentes das que executavam nos anos 1980, 1990, época em que agências bancárias fechadas por algumas poucas horas paralisavam a atividade dos bancos.

Apenas fechar agências, hoje, não é o suficiente. Outras formas de organização e de luta dos trabalhadores, com eles discutidas, devem ser desenvolvidas para que direitos sejam garantidos e conquistados.

Talvez esteja reservado à Apcef/SP, em sua área de atuação, papel semelhante ao dos anos 1980. É razoável concluir que a atual direção da entidade tem integrantes com história e capacidade para tanto.

Que liderem essa construção.

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