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24 de janeiro, Dia do Aposentado

Números de julho de 2022: recebem benefícios em planos de previdência administrados pela Funcef 52.586 aposentados, dos quais 43.705, ou 83% do total, vinculados ao plano Reg/Replan, com benefícios saldados ou não. Significa dizer que, em maioria, os aposentados de agora foram empregados da Caixa admitidos nos anos 1970 e 1980. Além deles, há 8.853 pensionistas.

Esses aposentados passaram décadas na Caixa e integram a geração que se imaginava de pijama aos 55 anos de idade. Enganaram-se, felizmente: com frequência, encontram-se entre os aposentados aqueles que ocupam profissões liberais, correspondentes bancários da área de habitação, alguns sitiantes, comerciantes, os que se dedicam à assistência social. Há, ainda, músicos, atores e diretores teatrais.

Essa geração também traz outra característica, revelam as conversas em encontros casuais: acumulou bens a ponto de se enquadrar na tal classe média e viabilizar a seus filhos, castigados pela falta de oportunidades de anos perdidos no país, consumir parte dos bens acumulados. Filhos deveriam alcançar, por sua conta, condições melhores que seus pais, mas isso não é necessariamente a regra brasileira.

Os benefícios de aposentadoria não são um favor; ao contrário, são resultado de pagamentos mensais realizados durante anos de trabalho e que se estendem aos anos de aposentadoria. Também são resultado do compromisso do empregador com seu fundo de previdência, compromisso mal denominado “patrocínio”. São? O tempo presente do verbo tende a tempo passado: as ameaças de fim ou redução substancial do “patrocínio”, em determinados casos já realizadas na gestão neoliberal de Bolsonaro, sugerem aos aposentados o risco de ficarem, em breve, por sua própria conta.

Não muito diferente é o risco de terem inviabilizado seu plano de saúde. Se até poucos anos atrás era copatrocinado entre a empresa, em 70%, e o usuário, nos restantes 30%, a proporção que se anuncia, observado o limite de custeio da Caixa pactuado em acordo coletivo de trabalho, é a de 30% e 70%, respectivamente.

A mudança de governo abre a possibilidade de diálogo. Diálogo para garantir o plano de previdência e o plano de saúde, dois direitos essenciais. No entanto, diálogo não é sinônimo de atendimento de demanda. Direitos se conquistam com luta.

Aposentados foram excluídos de congressos e eventos de trabalhadores recentemente. Têm sido desprezados por entidades representativas, embora sejam eles dezenas de milhares.

A ver se este 24 de janeiro de 2023, dia do aposentado, seja início de novo tempo. Tempo em que as demandas de aposentados sejam apresentadas em mesas de negociação, tempo em que eles sejam chamados a participar das lutas.

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