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A Internacional da Lava Jato

Livro do historiador Luís Eduardo Fernandes, “A Internacional da Lava Jato: imperialismo, nova direita e o combate à corrupção como farsa” (Ed. Autonomia Literária, 2024) trata da operação incensada por forças da direita e extrema-direita política em conluio com a mídia corporativa no Brasil. E vai muito além.

O autor faz referência ao “imperialismo legal”, caracterizado por ações promovidas pelos Estados Unidos da América por meio de entidades estatais e Organizações Não Governamentais (ONG) desse país. São intervenções do Departamento de Estado, Departamento de Justiça e Departamento do Tesouro estadunidense, além de programas conduzidos por ONG como a USAID voltados à formação de líderes no exterior, treinamento de agentes policiais, do poder judiciário e construção de sistemas judiciais identificados a valores liberais dos EUA.

Fernandes menciona think tanks, núcleos de elaboração que massificam agendas políticas, econômicas e sociais. Entre eles, Council on Foreign Relations (CFR) e Conselho das Américas (AS/COA). O CFR, criado em 1921, é conhecido como o “think tank de Wall Street” e tem como único representante no Brasil o BTG Pactual, de André Esteves. O AS/COA, criado em 1963 por David Rockefeller a pedido do então presidente John Kennedy para combater o avanço das forças socialistas na América Latina, é dirigido por nomes ligados a grandes transnacionais do Norte Global e articula-se no Brasil com agentes do sistema de justiça. Apoia movimentos políticos de renovação da direita liberal, a exemplo do RenovaBr. Há referência, ainda, ao Heritage Fundation, maior think tank neoconservador dos EUA e que mantém relações com a família Bolsonaro.

Entidades estatais, ONG e think tanks atuaram na Operação lava Jato, valendo-se da colaboração “informal” com procuradores de justiça e juízes no Brasil. Fundamental para a Operação, também, a aliança orgânica com a grande mídia, em especial Rede Globo. Diz o autor: “O lavajatismo alicerçou-se em sua projeção nos veículos de comunicação para se consolidar como uma das principais variantes políticas no Brasil contemporâneo”. E acrescenta: “Vazamentos seletivos, reportagens constantes sobre as operações, políticos suspeitos e a exaltação de agentes da OLJ, além do apoio institucional da Organizações Globo à campanha do Ministério Público Federal, liderada por Deltan Dallagnol, das ‘Dez medidas contra a corrupção’ foram as principais marcas dessa aliança”.

Fernandes conclui: “Uma Comissão da Verdade sobre os crimes da Lava Jato é pauta fundamental para o fortalecimento da soberania popular e democrática no Brasil”.

 

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