Projeto idealizado e coordenado pelo professor João Feres Júnior, o Manchetômetro é um portal de acompanhamento da cobertura da mídia relativamente a temas de economia e política. A produção é do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública, sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Desde 2014, o Manchetômetro apura, quantitativa e qualitativamente, manchetes, matérias e artigos de opinião publicados pelos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e, das Organizações Globo, O Globo, Valor Econômico, além do Jornal Nacional, na televisão. Mais recentemente, o portal passou a monitorar manifestações no Facebook e Instagram.
Por meio de gráficos e artigos, o Manchetômetro permite ao público analisar a cobertura dessa mídia em temas como Governo Federal, Poder Judiciário, Poder Legislativo, Lula, Bolsonaro, Arthur Lira, entre outros. No aspecto quantitativo, o Manchetômetro tabula as abordagens classificando-as em favoráveis, contrárias, neutras e ambivalentes.
Em entrevista ao programa Forças do Brasil, edição de 15 de junho, TV 247, o professor Feres mencionou serem ainda relevantes esses meios de comunicação, pois são consumidos, segundo pesquisa recente, pela elite política brasileira, elite jurídica e população de elevada renda. Mencionou, também, que “muito do que roda nas redes sociais são, na verdade, matérias de portais das mesmas empresas que imprimem esses jornais”.
Poder político, financeirização e grandes negócios
Com a criação de portais de oferta gratuita de noticiário, esses meios perderam assinantes e anunciantes. Seu portais não lhes proporcionam o mesmo retorno financeiro. Por outro lado, novos portais não contam com equipes já estruturadas, condição ainda, diz Feres Júnior, “das empresas de mídia tradicional do Brasil, com dinheiro para contratar um monte de jornalistas e produzir conteúdo (…). Por isso, grande parte do conteúdo que circula é ainda das empresas tradicionais”.
E como as empresas de mídia tradicional fazem isso? “No Brasil, respondo: dando prejuízo e se transformando em braço de poder político de interesse econômico fortíssimo, interesse do mercado financeiro”. Feres destaca: “A Folha de São Paulo é comandada por um irmão Frias, que é dono de um banco, um bilionário que fez um IPO na Bolsa de Nova Iorque de quase 8 bilhões de dólares. A operação do jornal dá, provavelmente, prejuízo, mas dá a ele a capacidade de fazer política, influenciar a formação de opinião”. O Estadão está “em estado falimentar (…) há um braço financeiro já comandando o Estadão”. Quanto a O Globo, relata o professor: “Empresa gigante, que pode se dar ao luxo de ter déficit também na operação jornalística propriamente dita (…) opera financeiramente, com investimento próprio. Há uma lógica financeira interna nas empresas Globo.”
E conclui Feres Júnior em relação a tais meios: “Houve uma financeirização. Se eles já eram neoliberais antes, se tornaram mais neoliberais ainda. São favoráveis às privatização, pois veem nas privatizações oportunidades para empresas, inclusive as deles, se beneficiarem com grandes negócios”.
A entrevista está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=LRyrbtN8f2s&ab_channel=TV247
Acesso ao Manchetômetro em https://manchetometro.com.br/