O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) anunciou em 2 de agosto a redução da taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Redução comemorada, mas carregada do componente político, não necessariamente real para a oferta de crédito.
Redução simbólica
Tome-se por referência anúncios da Caixa e Banco do Brasil, tão logo divulgada a decisão do Copom. A se confirmar a informação inicial, na Caixa operações de empréstimos consignados terão taxa mensal reduzida de 1,74%, ou 22,99% ao ano, para 1,70%, 22,41% ao ano. No Banco do Brasil, consignado INSS com taxa mensal de 1,81%, ou 24,01% ao ano, cai a 1,77%, ou 23,43% ao ano. Na amortização mensal devida pelo cliente, redução de quase nada.
Em relação à dívida pública não auditada, tomada sem contrapartida e que se alimenta de si mesma, economia de R$ 19 bilhões, diz o Dieese, ante os R$ 700 bilhões do orçamento comprometidos a cada ano.
Ainda campeã mundial
Segundo matéria de Carta Capital, citando levantamento realizado pela consultoria MoneYou, em termos reais a taxa brasileira continuará campeã do mundo (gráfico). A taxa real é dada pelo índice na contratação descontando-se a inflação acumulada nos 12 meses seguintes.
Sem oferta de crédito e financiamento, a atividade econômica tende a estagnação. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) publicou nota na qual afirma que “a redução de apenas 0,5% em uma taxa Selic que vem sendo mantida em patamares superiores a 13% desde agosto de 2022 continua sendo inaceitável”. Diz ainda a nota: “o Comitê de Política Monetária (Copom) faz um corte muito abaixo do possível e necessário na taxa Selic, mantendo as taxas de juros nas alturas e seu sistemático boicote ao povo brasileiro”.
O meio ponto sinaliza alívio, mas alívio sob a batuta do Banco Central autônomo do presidente Roberto Campos Neto, indicação de Jair Bolsonaro para mandato até 2024. Campos Neto, sem voto algum, é barreira à mudança de política econômica prometida pelo governo eleito com milhões de votos.
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