Artigo do jornalista Ben Norton, publicado no portal Brasil 247 em maio, destaca estudo elaborado pela estadunidense Brown University. O estudo revela que as guerras conduzidas pelos Estados Unidos da América no Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen e Paquistão, desde os atentados de 11 de setembro de 2001, “causaram pelo menos 4,5 milhões de mortes”, das quais cerca de um milhão em combate e o restante devido a “problemas de saúde e econômicos causados pelas guerras – como doenças, desnutrição e a destruição da infraestrutura”. O estudo acrescenta que há, atualmente, “7,6 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade que estão sofrendo desnutrição aguda (…) literalmente reduzidas a pele e ossos”. Os desalojados pelas guerras são, em estimativa conservadora, 38 milhões.
Natural e economicamente belicista
Muniz Sodré, professor-titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, registra em seu livro “A Sociedade Incivil” (Ed. Vozes, 2021) que, “em 242 anos de democracia, a sociedade norte-americana assistiu apenas 16 anos sem guerra declarada ou tipos de intervenção militar e golpes em outros países”.
Um dos mais recentes conflitos promovidos foi no Iraque. Associados ao Reino Unido, os EUA invadiram em 2003 o país oriental sob o argumento de existência de armas de destruição em massa. Passados 20 anos, as tais armas nunca foram encontradas. A britânica BBC News, em artigo deste mês de seu correspondente Gordon Corera, registrou que “Para os Estados Unidos, a questão das armas de destruição em massa era secundária. A prioridade era derrubar o líder iraquiano, Saddam Hussein.”
A jornalista canadense Naomi Klein menciona em “A Doutrina do Choque – a ascensão do capitalismo do desastre” (Ed. Nova Fronteira, 2007) que o Iraque “tinha muita coisa a recomendá-lo. Além de suas vastas reservas de petróleo, também possuía uma localização central adequada à instalação de bases militares, agora que a Arábia Saudita parecia menos confiável”.
Os EUA são um país belicista. Em 2018, segundo a Revista Forbes, sua indústria armamentista privada era responsável por 57% das vendas mundiais no segmento. Em 2021 o país foi o responsável, diz o sueco Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, por 38% dos gastos globais em armamentos.
Enfim, armas, bases, reservas de petróleo: parte dos negócios de sempre.