ESTANTE

A Caixa necessária ao Brasil.

Ilusão acreditar que Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto chefe de governo e por ter sido eleito, tornou-se messiânico. Leia-se o adjetivo messiânico, aqui, como a qualidade daquele investido de graça divina para dar ordem às coisas. Não está investido dessa discutível graça e, sem apoio popular, dará pouca ordem.

A oligarquia brasileira, integrada especialmente por grandes exportadores de produtos primários, financistas e poucas famílias da mídia comercial, opõe-se rotineiramente a medidas voltadas aos que não são de seu grupo. E a oligarquia comanda instituições.  Observe-se, a propósito, o parlamento brasileiro do orçamento secreto. Observe-se, ainda, o Banco Central da porta-giratória, que ameaça o poder eleito se ele ousar definir taxas competitivas não alinhadas à sua taxa básica.

Por isso, organizações sociais, em especial de trabalhadores, devem atuar cotidianamente em defesa de seus interesses.

Trabalhadores da Caixa, em torno de suas entidades, precisam defendê-la não apenas pelo que representa em sua relação de emprego, mas pelo que representa na execução de políticas de Estado. As políticas de Estado voltadas à economia real, ao atendimento de carências sociais, ao desenvolvimento do país favorecem a nação. Elas não se limitam aos diretamente beneficiados.

Não foram poucas as vezes em que a mídia comercial defendeu a extinção da Caixa enquanto banco público. A Caixa aparece na lista das cinco instituições financeiras de varejo que formam o oligopólio do sistema financeiro. Dessas cinco, três são instituições privadas que, para crescerem mais, precisam abocanhar participação de mercado de instituições públicas.

Desde 2016, a Caixa vem sendo esvaziada: perde participação no mercado para a concorrência em todos os segmentos, vê encolherem valores nas contas de depósitos, administra saldos em operações de crédito com crescimento real apenas residual desde o mencionado ano, encolhe em operações à pessoa jurídica de médio e pequeno porte. Além disso, está sendo fatiada com a criação de subsidiárias a serem privatizadas. A Caixa Seguridade foi a maior delas.

As demonstrações financeiras da Caixa registram deficit operacional e, em anos com lucro recorde, o resultado foi decorrente da venda ativos.

Restabelecer o protagonismo da Caixa e reverter a tendência dos últimos anos é fundamental. Não se trata, apenas, de interrompê-la.

Por isso, importante elaborar conjunto de propostas a serem debatidas com organizações sociais, agrupando-as em quatro eixos, em programa denominado A Caixa necessária ao Brasil.

1 – Estatuto – Reforma no estatuto da Caixa, eliminando princípios que a caracterizam como sociedade anônima;

2 – Subsidiárias – encerrar subsidiárias, mantendo integradas à Caixa as operações de serviços e produtos que a elas se pretendem vincular.

3 – Produtos – ampliação das linhas de crédito, oferecendo taxas inferiores às praticadas pelos grandes bancos privados, e reformulação do portfólio, buscando agressiva atuação no mercado em todos os segmentos.

4 – Estrutura – Medidas para ajuste da estrutura voltadas ao atendimento: unidades, número de empregados, designação de funções necessárias ao funcionamento, renovação tecnológica.

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