Na quinta-feira 16 de fevereiro o Banco Central do Brasil (Bacen) informou seu resultado de 2022: prejuízo de R$ 298,5 bilhões. Para cobrir tal perda, R$ 179,1 bilhões virão da reversão da reserva de resultado, R$ 82,7 bilhões por conta da redução do patrimônio e R$ 36,5 bilhões de aporte pelo Tesouro Nacional.
O negativo foi consequência, destacadamente, do resultado de operações com reservas internacionais e swaps cambiais, o que totalizou perda de R$ 326,5 bilhões. Swaps cambiais são, na definição do Bacen, meios de “execução da política monetária e cambial”, com operações referenciadas em “taxas de juros e em variação cambial, com o objetivo de oferecer hedge cambial para as instituições financeiras e demais agentes econômicos”. Em outras palavras, o Bacen oferece garantias a instituições financeiras ante eventuais riscos com perda em operações de câmbio. Assim, os bilhões registrados pela autoridade monetária representam, em verdade, transferência de ganhos aos grandes agentes financeiros.
Banco autônomo
O Bacen brasileiro é autônomo e não está obrigado a se alinhar à política do governo eleito. Roberto Campos Neto, o atual presidente do banco, foi indicado ao cargo por Jair Bolsonaro em abril de 2021 e tem mandato até dezembro de 2024. Duas têm sido as características de sua gestão: a primeira, a de ainda estabelecer a taxa básica de juros, descontada a inflação, como a maior do mundo, o que traz, entre outras consequências, elevação acentuada da dívida pública interna; a segunda, a de não ter cumprido seu principal objetivo, o de manter a inflação dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Mas o desempenho ruim não parece que colocará em risco o titular do cargo. Sua destituição só pode ser determinada pelo Senado.