A fala de Luiz Inácio Lula da Silva, transmitida há pouco, foi a fala de um estadista. Nenhuma menção a metralhar adversários, nada de ameaçá-los com a ponta da praia. Falou de desafios, de industrialização do país hoje colonizado, mero exportador de matérias primas. Falou da miséria que campeia e que precisa ter fim, da necessária preservação ambiental, do amparo à população de velhos, jovens e crianças. Falou de conferências nacionais, espaço para manifestação popular. Questionou o direito de veto na ONU e disse que o Brasil voltará ao protagonismo mundial. Deixará de ser um pária.
Enfim, fala de quem cursou a universidade da vida, onde se graduou enfrentando nos anos 1970 a ditadura, desenhando o novo sindicalismo, construindo o maior partido político do país, onde enfrentou o cárcere em sentença encomendada de um ex-juiz suspeito, sentença destinada a impedi-lo de concorrer à presidência em 2018.
“Quiseram me enterrar vivo”, disse Lula. Não conseguiram, embora certamente ele saiba que o terceiro turno já se inicia. Mas, neste 30 de outubro, vale repetir o que tem sido tantas vezes repetido pelo próprio Lula: “poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”.