No título, Novo Testamento, João, capítulo 32, versículo 8. A jornalista Juliana Dal Piva cita a passagem em seu livro “O Negócio do Jair – a história proibida do clã Bolsonaro” (Ed. Zahar, 2022, Rio de Janeiro). Diz Dal Piva que “Quando recorre a esse trecho da Bíblia, o que Jair Bolsonaro quer é mostrar que a sua interpretação de qualquer assunto é a que deve prevalecer e ser considerada verdadeira. Mesmo que os fatos desmintam o que ele chama de ‘verdade’”.
Em tem sido assim. De acordo com o portal Aos fatos (www.aosfatos.org), em 1.394 dias Bolsonaro deu 6.498 declarações falsas ou distorcidas.
No livro são muitas as passagens, mas vale a citação, embora longa, do que Dal Piva situa como a estreia da “rachadinha”.
“O diário oficial registrou no dia 30 de setembro de 1998 a mais nova assessora do então deputado federal Jair Bolsonaro. No currículo, educação até a sexta série do ensino fundamental e o parentesco. Tratava-se de Andrea Siqueira Valle, sua cunhada mais recente”. A assessora vivia em Juiz de Fora, não morava em Brasília. “Foi a primeira de uma lista de funcionários-fantasmas que só cresceria”.
E acrescenta: Cristina, então mulher do deputado, “aproveitou uma reuniãozinha de família e perguntou a seus pais e irmãos quem gostaria de um cargo no gabinete de Jair”. O que era necessário? “o número do CPF, o resto ele resolve lá (…) No acordo de trabalho, Cristina explicou que Jair só queria duas coisas: a entrega de grande parte do salário (em alguns casos 90%) todos os meses e uma mãozinha na época da campanha eleitoral”.
A coisa só cresceu e, segundo relata a jornalista, transformou-se em negócio à medida que mais gabinetes iam sendo ocupados por familiares eleitos. Em outros capítulos, Flávio Queiroz, cheques depositados em conta de Michelle Bolsonaro, imóveis quitados em dinheiro etc. etc.
Trata-se de leitura indispensável.