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Caixa: o cabo eleitoral e a perda de mercado

Quarto de seis artigos da série A Caixa e seus empregados nos governos desde o Plano Real

Aos milhares, beneficiários do Auxílio Brasil procuram a Caixa em busca do empréstimo consignado, garantido pelo benefício. Estrutura adequada para o atendimento? Não há nem em agências nem por meio digital. Aliás, a estrutura não dá conta nem do atendimento de rotina. E a estrutura será adequada? Evidentemente, não.

Operação consignada não representa problema, mas neste caso carrega o adesivo de cabo eleitoral, formulada às pressas, poucos dias antes da eleição disputada pelo dono da ordem da operação. A taxa de juros é escorchante: 3,45% ao mês, ou mais adequadamente informado, 50,2% ao ano. Supera, até mesmo, as também escorchantes taxas nos grandes bancos que para operações consignadas, diz o Banco Central, situam-se em torno de 40% ao ano, se contratante vinculado ao segmento privado, ou abaixo de 25% ao ano, se ao segmento público ou beneficiário do INSS.

Perda de mercado

No entanto, não se iluda quem acredita que operações assim visam ao fortalecimento da Caixa.  Prestam-se, como mencionado, à propaganda eleitoral e não incomodam o segmento privado, sempre se escondendo de tal clientela. Naquilo que interessa ao fortalecimento ante os concorrentes, pouco se fez no período recente.

Observada série iniciada em 2016, as fatias de mercado detidas pela Caixa encolhem nas operações em que há, efetivamente, interesse do oligopólio privado. Segundo seu último balanço, base junho de 2022, a Caixa detém 13,3% de participação em depósitos à vista, 7,5 pontos menos que dezembro de 2016, então 20,8%. Em CDB, respectivamente 2,2% ante 27%, perda de 24,8 pontos. À exceção de saldos em fundos de investimento e agronegócio, a Caixa perde mercado para os concorrentes em todos os segmentos destacados, incluindo poupança, crédito à pessoa física, à pessoa jurídica e financiamento habitacional. (tabela).

A gestão de Pedro Guimarães, nome incensado por Bolsonaro e seu parceiro em vídeos e viagens até tornar-se impossível a parceria pública dadas as acusações de assédio sexual e moral ao ex-mandatário na Caixa, caracterizou-se por alienar ativos lucrativos da empresa, inflar lucro artificialmente e reduzir o incômodo à concorrência.

Fortalecer a Caixa como instrumento de políticas de Estado, mas sem deixar de atuar como banco múltiplo?  Isso Não está no programa econômico bolsonarista.

Na próxima quarta-feira (26), A Caixa de Guimarães e os lucros inflados, quinto artigo desta série.

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