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Bolsonaro é “um achado das ‘asset management'”, diz o professor Dowbor

Um dos pilares da política econômica do governo Bolsonaro é a privatização de grandes empresas brasileiras, fatiando-as, segregando áreas e serviços para transferi-los a agentes de mercado.

A Petrobras talvez seja o maior dos exemplos dessa prática. Foram e ainda estão sendo transferidas ao controle privado refinarias, distribuidora de combustíveis, comercializadora de gás liquefeito de petróleo, gasodutos, campos de exploração petrolífera. Entre outras consequências, com a privatização o país prospecta e vende petróleo bruto, mas importa combustíveis ou, alternativamente, adquire os produtos de refinarias agora controladas por fundos internacionais, com preços parametrizados em dólar.

Em entrevista ao TutameiaTV em 20 de outubro, diz o economista Ladislau Dowbor, consultor em agências da Organização das Nações Unidas e titular do departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: “Importante entender: quando a dona de casa paga 130 paus por um botijão de gás, para onde vai esse dinheiro? Vai para os acionistas, gente. Porque quando você privatiza uma empresa, significa que qualquer grupo, nacional ou internacional, pode comprar as ações. Ou seja, privatização é desnacionalização. Você entrega o controle da energia no Brasil”.

Assim, o que antes era público, agora se destina a poucos. Dowbor lembra de seu trabalho “em diversos países africanos que não tinham petróleo. A gente era obrigado a colocar um monte de dinheiro para importa petróleo, porque necessário, mas tinha que pagar preço internacional. Agora, um país que tem o petróleo, entrega para fundos internacionais e paga preço internacional, incomparavelmente mais elevado, isso aí é bandidagem”.

Para Dowbor, “é um privilégio o Brasil ter seu próprio petróleo, ter sua própria autonomia energética”, o que poderia representar energia mais barata, vantagens para exportação e para a industrialização do país. Para ele, “A área do petróleo é essencial… (investidores) tiveram papel evidente no golpe, como tiveram papel na Lava-Jato, que era essencialmente para entregar o petróleo aos grupos internacionais”. E mais adiante acrescenta: “Imagina a China entregar o controle de sua energia para grupos internacionais. Isso é uma traição à pátria, de maneira absolutamente escandalosa”

Ao ser indagado pela jornalista Eleonora de Lucena a respeito de quais os interesses internacionais que sustentam Bolsonaro, o professor é direto: “eles precisam de um bom catador de votos, e que não se meta na economia” (…)“Bolsonaro é um achado para asset management, algumas poucas dezenas de gestores de fortunas no mundo. É um demagogo, que não entende lhufas de economia, entrega para um banqueiro que, inclusive, ele também tem dinheiro escondido em paraísos fiscais. Esse Paulo Guedes faz tudo em função de enriquecer os grupos internacionais”

A entrevista está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=XfTRdMOT6CU&ab_channel=TUTAM%C3%89IATV

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