COISAS DE AGORADESTAQUE

O lobista agro é pop. Enquanto isso, o MST é solidário e recordista na produção orgânica de arroz

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informa que, durante a pandemia, doou 7 mil toneladas de alimentos saudáveis, mais de 2 milhões de marmitas, 10 mil cestas com alimentos, 50 mil máscaras. As ações foram parte da campanha Cultivando a Solidariedade, integrada ainda por organizações e entidades que praticam o enfrentamento contra a fome e a insegurança alimentar.

O MST foi criado em 1984. Sua ação na luta pelo direito ao trabalho e à terra se realiza pela ocupação de latifúndios improdutivos. Desde sua criação, 350 mil famílias conquistaram sua terra.

Arroz orgânico

Matéria da BBC News Brasil de setembro, pautada em razão de questionamento ao ex-presidente Lula a respeito do Movimento dos Sem Terra, feito pelo Jornal Nacional em entrevista recente com presidenciáveis, destaca que o MST é o maior produtor de arroz orgânico do país. A BBC tem por base dados do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA). Informa, ainda, que “o discurso da agroecologia — antagônico ao agronegócio por não envolver insumos como adubo químico e agrotóxicos — passou a ser adotado pelo MST por volta do início dos anos 2000”.

No entanto, ainda segundo a matéria, desde 2017 há dificuldade na comercialização do arroz. Antes, grande parte da produção era vendida por meio de iniciativas do poder público, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Conab. Agora, diz a BBC, o MST estima redução de 40% nas compras de arroz orgânico. As vendas foram dificultadas no auge da pandemia, dado o fechamento de escolas, mas não apenas por esse fator. Há falta de incentivo do governo Bolsonaro à agricultura familiar.

Agronegócio próximo

Por outro lado, há muita proximidade do governo Bolsonaro com o agronegócio. Segundo a DW Made for minds, empresa pública de comunicação da Alemanha, “entre janeiro de 2019 e junho de 2022, grandes empresas multinacionais do setor do agronegócio se reuniram pelo menos 278 vezes com membros do alto escalão do governo federal, principalmente no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”. E acrescenta a DW: “Esse acesso constante, facilitado no governo Jair Bolsonaro, tem funcionado como lobby para medidas como flexibilização de regras para agrotóxicos e facilitação de teste para novas substâncias químicas em campo”. As campeãs no acesso foram a Syngenta, com 81 encontros, a JBS, com 75, e a Bayer, com 60. Por fim, diz a DW: no caso da Bayer, “uma informação chama a atenção: 16 das reuniões ocorridas com o Mapa sequer constaram da agenda oficial da pasta, só tendo sido reveladas mediante registros obtidos via Lei de Acesso à Informação”.

You may also like

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *