A disputa à Presidência da República neste ano, apontam sondagens de intenções de votos, é entre o ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro, atual ocupante do cargo. A escolha, portanto, está facilitada para qualquer eleitor e não se condiciona, necessariamente, ao alinhamento partidário ou ideológico, tampouco prudente adiá-la a um segundo turno entre os mesmos candidatos. A escolha se pauta pela história, por propostas e pela leitura da expressão de cada um destes candidatos.
Lula presidiu o país de 2003 a 2010, período em que a dívida pública líquida caiu de 55% para 38% do Produto Interno Bruto (PIB), a taxa anual de inflação encolheu de 14,7% para 6,5%, o crescimento do PIB alcançou a média anual de 4,1%. O salário-mínimo teve ganho real e, se em 2002 era suficiente para comprar 1,4 cesta básica, em 2010 comprava 1,9. A taxa de desemprego caiu de 10% para 8%, com incremento de empregos formais, dos 28,7 milhões em 2002 aos 44,1 milhões de 2010.
Sob a gestão de Bolsonaro, a dívida pública líquida cresceu e, em 2021, correspondia a 57,2% do PIB. Em 2021, a inflação foi de 10,06% e, depois de doze meses sempre em dois dígitos, apenas no acumulado até agosto se reduziu a 8,73%. No período 2019-2021, a variação média anual do PIB foi de 0,6%. O salário-mínimo, sem ganho real, compra agora 1,6 cesta básica. A taxa de desemprego, no segundo trimestre de 2022, marca 9,3% e esporádica redução é efeito estatístico, consequência da precarização promovida pela reforma trabalhista de 2017, não da carteira de trabalho assinada. No país de 213 milhões de habitantes, 108 milhões se incluem na população economicamente ativa, mas 56 milhões deles, a contragosto, estão desocupados, desprotegidos, desalentados ou fazendo bico para sobreviver, diz o IBGE.
A gestão Lula retirou 40 milhões de cidadãos da miséria: com Bolsonaro, 33 milhões no Brasil enfrentam, segundo a Rede Penssan, insegurança alimentar grave, eufemismo para passam fome.
Prisão e o direito penal do inimigo
Em 2018, Lula era candidato à presidência, mas não concorreu. Permaneceu preso 580 dias por decisão de um juiz que, meses depois, integraria o governo do vencedor, favorecido naquele pleito por tal prisão. A pecha de corrupto ainda é repetida pela propaganda. Os processos contra o ex-presidente, reconhecem agora tribunais, foram eivados de vícios. Lula, da mesma forma que outros governantes na América Latina em tempo recente, foi vítima de lawfare, o direito penal do inimigo. Vítima de lawfare não é mero argumento de partidários: é conclusão endossada por lideranças e intelectuais no mundo, alguns dos quais em visita ao ex-presidente em seu cárcere. Entre outros, lá estiveram Noam Chomsky, filósofo estadunidense; Boaventura de Sousa Santos, catedrático da Universidade de Coimbra; Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz; Martin Shultz, ex-presidente do Parlamento Europeu; José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai; Alberto Fernández, então candidato à presidência da Argentina; Massimo D´Alema, ex-primeiro ministro da Itália. Há, ainda, muitos nomes do Brasil: Frei Leonardo Boff, Chico Buarque de Holanda, Martinho da Vila, Juca Kfouri, Mino Carta. Além deles, mas impossível de aqui nominar, advogados, líderes sindicais, políticos e, em vigília diária, milhares de outros cidadãos.
Ao deixar o cárcere, Lula, sem qualquer cargo público, foi convidado e recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e pelo presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez. Em julho, recebeu a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal. A visita do líder português irritou Bolsonaro, que o havia convidado para almoço e, em seguida, o desconvidou.
Lula é reconhecido como estadista. Seu programa de governo traz a reinserção soberana do Brasil no mundo, o combate à miséria, investimentos em segurança, ambiente, educação, saúde, programas sociais duradouros, recursos à economia produtiva, o fortalecimento de empresas públicas, agentes do desenvolvimento. E a história mostra que as propostas de Lula são programa, não promessas.
Lula não enaltece torturadores nem a ditadura, sinônimo de perseguição e bocas caladas. Lula não debocha de famílias vítimas da pandemia. Lula condena o estupro, em vez de relativizá-lo. Lula não irá metralhar adversários. Aliás, colocará fim à política armamentista inaugurada em 2019. Em seu lugar, livros.
O cristão Lula, em oito anos de governo, não criou qualquer empecilho ao funcionamento de igrejas de qualquer confissão. Em oito anos de governo, Lula não cerceou organizações sindicais, nem movimentos sociais, não proibiu o diálogo.
Como dissemos, a escolha está facilitada para qualquer eleitor e não se condiciona, necessariamente, ao alinhamento partidário ou ideológico, tampouco prudente adiá-la a um segundo turno entre os mesmos candidatos. A escolha se pauta pela história, por propostas e pela leitura da expressão de cada um destes candidatos.
Por isso, dia 2 de outubro nosso voto será dado a Luís Inácio Lula da Silva.
Militantes do movimento dos empregados da Caixa Econômica Federal
Fabiana Matheus, Plínio Pavão, Valmir Gôngora, Ivanilde Moreira de Miranda, Renato Fernandes, Sérgio Soares da Costa, Claula Mariko Anraku, Juracy Aparecida da Silva, Sérgio Lima, Dante Hashimoto, Selma Aparecida Alves, Felipe Gallesco, Aníbal Martins Diniz Júnior, Glauber Noccioli de Souza, Eliane Mara Degaspari, Sérgio Dinato, Alcides Medeiros Dantas, Antônio Isidoro, Lu Barros, Henrique Parra Parra, Euclides Silva Oliveira, Ricardo Zampereti, Edijalma Bugiato, César Augusto de Andrade, Eduardo Bighetti, Daniela Alexandre e Gilberto Macedo, Elezio José de Melo Júnior.