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Processo concluído seis anos depois. As pedaladas fiscais foram o que foram: um golpe de estado

O Ministério Público Federal arquivou inquérito civil aberto contra Guido Mantega, Ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff, que tinha por objetivo apurar a prática das “pedaladas fiscais”, assim denominadas operações realizadas entre bancos públicos e Tesouro Nacional. A tentativa era a de caracterizar tais operações, repasses de recursos para pagamento de benefícios sociais, como empréstimos tomados pelo Poder Executivo, o que desrespeitaria a Lei de Responsabilidade Fiscal. Dilma Rousseff à época foi responsabilizada e as “pedaladas” motivaram seu afastamento pela Câmara Federal em abril de 2016 e, em agosto, seu impeachment no Senado. O MPF reconheceu, seis anos depois, que as operações não acarretaram prejuízo aos cofres públicos, tampouco foram irregulares.

Dilma, portanto, foi afastada, de fato, sem cometer qualquer crime. Definitivamente, mais um golpe da oligarquia brasileira, Organizações Globo à frente, que conduziu Michel Temer e sua ponte para o futuro à presidência. Ponte para o Futuro, vale lembrar, foi o programa de governo que promoveu, entre outras, a reforma trabalhista, voltada à eliminação de direitos dos trabalhadores, e a reforma da previdência, voltada a dificultar a concessão de benefícios.

Na sessão da Câmara Federal que afastou Dilma, o então deputado Jair Bolsonaro, ao manifestar-se pelo afastamento, rendeu homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um torturador, lembrando que o militar fora “o pavor de Dilma Rousseff”, referência ao período em que a ex-presidenta foi presa e torturada pela ditadura.

Bolsonaro cresceu sob o impulso de 2016 e, em 2018, ganhou a presidência. A oligarquia brasileira pariu Bolsonaro e, embora criadora, parece ter perdido o controle de sua criatura. Parte dela quer se livrar do estorvo, mas não conseguiu viabilizar sua terceira via.

Porém, não há como se iludir: Lula eleito e resultado respeitado, no dia seguinte à sua posse a oligarquia iniciará a campanha para inviabilizar seu governo. Lula, único meio de salvação do país jogado à miséria na gestão Bolsonaro, dependerá essencialmente da força popular para se manter.

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