Meios de comunicação revelaram fala de Jair Bolsonaro em encontro ocorrido agora em junho com evangélicos em Orlando, nos Estados Unidos: para ele, a “economia no Brasil vai muito bem”.
A realidade, no entanto, discorda. Alguns dados: segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, em 2021 o rendimento médio mensal real da população, valores corrigidos ao último ano, em recorte que considera os que alcançam algum rendimento, foi R$ 2.265,00, montante 4,39% inferior ao registrado em 2012, R$ 2.369,00. Se comparado ao maior valor da série, constatado em 2014, a perda foi de 8,8%. A população hoje ganha menos que há nove anos.
Se observado o rendimento médio per capita, a coisa é bem pior: R$ 1.353,00, o menor valor da série histórica iniciada em 2012.
A força de trabalho no país, aí consideradas pessoas com 14 anos ou mais de idade, soma 107,2 milhões no primeiro trimestre de 2022. Desse total, 11,9 milhões desocupadas. Entre as 95 milhões ocupadas, 4,0 milhões enquadram-se, segundo o IBGE, na categoria empregadores, com renda média de R$ 6.118,00; com carteira assinada, 34,8 milhões empregadas, rendimento médio de R$ 2.467,00. As rotuladas “por conta própria” somam 25,2 milhões, rendimento médio de R$ 1.995,00.
Em relação à distribuição de renda, governo e seu modelo neoliberal não ajudam em nada: Em 2021, o rendimento médio do 1% da população que ganhava mais foi 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganhavam menos. A desigualdade cresceu para o conjunto da população.
Mas esses não são os números que mais assustam, ou deveriam assustar. Em 2022, registra a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer. No último ano, mais 14 milhões de cidadãos em situação de fome. Segundo Ana Maria Segali, médica epidemiologista e pesquisadora da Rede PENSSAN, “a pandemia surge neste contexto de aumento da pobreza e da miséria, e traz ainda mais desamparo e sofrimento. Os caminhos escolhidos para a política econômica e a gestão inconsequente da pandemia só poderiam levar ao aumento ainda mais escandaloso da desigualdade social e da fome no nosso país”. Em outras palavras, a pandemia piorou que já estava muito ruim. E o atual governo tem ainda seis meses pela frente.