DESTAQUE

Petrobras, preços e a paixão do oligarca

A Petrobras é uma empresa de economia mista, com capital de controle majoritariamente da União. Até o governo Dilma Rousseff, a companhia privilegiou políticas de estado. Assim, independentemente da cotação internacional do barril de petróleo, por muitos anos os reajustes de preços obedeceram a orientação daquele governo. Ao mesmo tempo, a Petrobras atuava no segmento de energia: refino do petróleo para a produção de derivados; distribuição de combustíveis no país, para evitar corte de fornecimento; controle de uma das gigantes no engarrafamento e distribuição do gás de cozinha (GLP); controle de gasodutos.

Analistas da área política creditam a derrubada daquele governo, em parte, a essa política. Aliás, em outubro de 2016, poucos meses após a cassação de Dilma, a Petrobras adotou a Política de Preços Internacionais (PPI), mantida ainda hoje. A PPI explica os preços atualmente praticados.

Bolsonaro diz que não pode intervir. Não é verdade. A Petrobras diz que reajusta preços para evitar o desabastecimento, o que pode, de fato, ser verossímil: com a venda da BR Distribuidora, a distribuição hoje está toda em mãos privadas; ao mesmo tempo, cresce a importação ou compra de combustível de refinarias privadas, algumas das quais antes subsidiárias da Petrobras. Suas subsidiárias de gás e a de gasodutos são, agora, privadas.

A paixão do oligarca

A gestão da Petrobras atual atende a interesses de acionistas privados, em grande parte negociadores nas bolsas estadunidenses. Daí a distribuição bilionária, em dividendos, de quase todo o lucro e os prêmios milionários à alta direção da Companhia.

Interesse na condução da Petrobras é coisa antiga. O jornalista Paulo Henrique Amorim relata em “O Quarto Poder” que, nos anos 1980, Roberto Marinho, então um dos mais influentes oligarcas do país, “era apaixonado pela Petrobras. Não a Petrobras empresa, que sempre tentou destruir, já que era estatal. Mas pelas ações da Petrobras”. Amorim, na época comentarista de economia no Jornal da Globo, anunciou, em um “furo” jornalístico, o nome do novo presidente da empresa. No dia seguinte, relata Amorim, “fui chamado à sala do ´dr.` Roberto para ouvir o seguinte recado: aqui n´O Globo só quem dá notícia sobre a Petrobras sou eu!”.

A gestão da Petrobras no Governo Dilma Rousseff motivou, em 2017, processo do Ministério Público Federal contra Graça Fortes e Guido Mantega, respectivamente presidenta da companhia e Ministro da Fazenda naquele governo, por “manterem combustíveis a preços baixos no governo Dilma”.

Imagem: reprodução de portal da Infomoney

You may also like

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

More in:DESTAQUE