E continuam as rusgas entre o Poder por conta do manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, que seria publicado hoje, 31, com o endosso da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), além de 200 outros empresários e entidades. Jornais noticiam que a publicação foi adiada por interferência do presidente da Câmara Federal, Artur Lira, e de Paulo Skaf, da Fiesp, embora, ao mesmo tempo, divulguem versão em seus portais e edições impressas.
Nessa versão, o manifesto destaca a Praça dos Três Poderes, espaço que “foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes. Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais”. Da leitura arquitetônica é extraída a fantasia: o poder no país passa, de fato, longe do formalismo das instituições instaladas nessa Praça.
Diz ainda o manifesto que “o momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos”. A área econômica do governo teria ficado incomodada com o “voltar a crescer”, pois, segundo ela, o país já cresce e gera empregos. Aliás, a economia, na visão de Paulo Guedes, está “bombando”. Alguém há de revelar a qual país o ministro se refere!
O incômodo dos bolsonaristas, expresso inclusive por um deles, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ao ameaçar a desvinculação de bancos federais da Febraban, tem razões na vida real: o jornal El País destaca, em edição de hoje (31), que o “PIB ensaia com relutância seu desembarque do Governo Bolsonaro” e o “sinal de que o apoio a Bolsonaro está degringolando é a sinalização de desembarque dos bancos, como essa possível adesão da Febraban ao grupo dos insatisfeitos. Nas duas últimas ocasiões em que isso ocorreu, com Fernando Collor e Dilma Rousseff, o presidente acabou sofrendo impeachment.”
Nada de rodeios, não? Acusações a Jair Bolsonaro por crimes de responsabilidade, expressas em mais de uma centena de pedidos de impeachment engavetados por Artur Lira, são secundárias. A questão é o desembarque da Febraban.
A ver o quanto a nação continuará pagando pelo imbróglio entre os muitos bolsonaros que constituem o poder, de fato, no país.