Pedro Guimarães, presidente da Caixa, encabeça movimento para que os bancos públicos deixem a Febraban – Federação Brasileira de Bancos. A informação foi veiculada pelo Valor Econômico em seu portal em 29 de agosto, repercutindo nota de colunista de O Globo. A razão seria a insatisfação de Guimarães com manifesto em que os banqueiros expressam preocupações ante “tensões e hostilidades entre autoridades públicas” e destacam “a necessidade de o país voltar a crescer e gerar emprego”.
O manifesto, intitulado “A Praça é dos Três Poderes”, deve ser publicado amanhã, 31. Terá o endosso da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e outras entidades empresariais. Segundo a Folha de São Paulo de hoje (30), “os bancos públicos argumentam que não podem permanecer em uma entidade que age como partido político e se opõe a seu acionista, o governo”.
O governo, em verdade, não é acionista de nada. A União, sim, é acionista majoritária do Banco do Brasil e detém integralmente o capital da Caixa.
Esses bancos devem executar políticas públicas, de Estado, e a manifestação atribuída a seus dirigentes revela caráter político. Os dirigentes parecem valer-se de seus cargos nas instituições para evitar questionamentos a Jair Bolsonaro, já em campanha eleitoral, mesmo que tais questionamentos sejam de integrantes da mesma oligarquia neoliberal.
Guimarães é presença frequente nas quintas-feiras bolsonaristas do Youtube. Valia-se da máscara de proteção nas primeiras transmissões, abandonando-a em seguida. Recentemente, publicou vídeo registrando sua participação em “motociata” presidencial. Sem dúvida, alguém muito alinhado.
A saída da Febraban pode ser pretexto, também, para o desrespeito à convenção coletiva da categoria bancária firmada entre sindicatos e a Federação dos Bancos (Fenaban), ressuscitando prática de governos neoliberais dos anos 1990 e que acarretou, entre outras prejuízos a trabalhadores, congelamento salarial por alguns anos nos bancos públicos e corte de direitos. Para o neoliberal Guimarães, que traz em seu currículo a especialização em privatização – atuou, inclusive, na do Banespa – é meio de reduzir custos de pessoal e tornar mais atrativa ao mercado comprador a empresa que dirige.