DESTAQUE

Alimentação, energia elétrica, gás, gasolina, diesel, etanol: em 12 meses, crescimento de preços alcança os dois dígitos e pune a população.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no país, foi de 8,99% no acumulado de agosto de 2020 a julho de 2021. O IPCA é dado pela variação de preços de produtos e serviços classificados em nove diferentes grupos.

Nesses doze meses, acumularam variação acima do índice geral os grupos Alimentação e Bebidas, Habitação, Artigos de Residência e Transportes.

No grupo Alimentação e Bebidas, peso maior ao subgrupo Alimentação no Domicílio, com preços crescendo 16,04%, sete pontos acima do índice geral. O dispêndio das famílias para se alimentar compromete, proporcionalmente, tanto mais de seu orçamento quanto menor for sua renda. A variação elevada pune as mais pobres.

Elevação de preços nos supermercados e feiras guarda relação, por exemplo, com redução de oferta, caso do tomate por conta do frio, ou com o aumento da exportação, caso do arroz pelo atrativo do câmbio. Guarda, também, relação com os antes mantidos pelo governo federal e hoje inexistentes estoques reguladores de produtos, o que impede a oferta subsidiária de mercadorias em falta. Há, ainda, redirecionamento da produção pelos produtores, como acontece com o açúcar, comestível preterido ante o atrativo do preço do etanol.

O etanol varia em razão do preço do petróleo. E o petróleo, independentemente do custo de extração e refino no Brasil, é cotado a preços internacionais.

E é assim cotado pelo olhar neoliberal, adotado desde o governo Temer. Já foi o tempo em que a Petrobras era orientada a privilegiar políticas de Estado, não exclusivamente seus acionistas. Assim, nada de estabelecer meios para contenção de preços de combustíveis, o que evitaria o repasse ao frete, do frete ao produto e do produto, no comércio, ao consumidor. Nada de conter preços do gás, negócio caracterizado pelo oligopólio de quatro empresas, entre elas a Liquigás, subsidiária que era da Petrobras e agora é privada.

Nada, também, de conter preços da Energia, cuja entrega às casas, comércios e indústrias já foi privatizada e, aqui também em breve, terão o mesmo destino controle da rede de transmissão e geradoras da Eletrobrás, o que elevará as tarifas, segundo especialistas.

Ações para conter preços foram prática de governos anteriores, já afastados. A área econômica bolsonarista privilegia acionistas, em grande parte não brasileiros que direcionam seus dividendos não tributados ao exterior.  E, para tentar conter a inflação, eleva a taxa básica de juros (Selic), visando à redução da demanda pela redução da renda e do financiamento, como se a demanda e não a oferta fosse determinante da elevação de preços.

You may also like

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

More in:DESTAQUE