COISAS DE AGORA

Vacinação desigual: a imunização chega a bairros de índice socioeconômico mais elevado; às regiões pobres, nem tanto.

Estudo publicado pelo Instituto Pólis, da capital paulista, constatou que “a correlação entre cobertura vacinal e índice socioeconômico é alta e confirma como o atual processo de imunização reforça as desigualdades colocadas no território da cidade”.

Tendo por referência o GeoSES – índice socioeconômico para estudos em saúde, dimensões de educação, pobreza, riqueza, renda, segregação, mobilidade, privação de recursos e serviços, que varia de menos 1 (piores condições) a mais 1 (melhores condições) – em uma das áreas de Pinheiros, bairro de classe média e alta de São Paulo, com GeoSES mais 0,710, 50,1% da população acima de 18 anos de idade recebeu a primeira dose da vacina e 26%, a segunda.
Por outro lado, na favela Paraisópolis, com seus mais de 66 mil habitantes, localizada na zona sul de São Paulo, foram vacinados apenas 8,1% dos habitantes com mais de 18 anos de idade, em 1ª dose, e 2,4%, em segunda dose. O GeoSES dessa área é menos 0,559. Este é apenas um exemplo.

Assim, destaca o Pólis, “as áreas da cidade com as piores condições são também aquelas onde a cobertura vacinal é menor”, lembrando que “a população de áreas com maior renda e melhores condições gerais de vida tem um perfil etário mais idoso, reflexo de uma expectativa de vida mais longeva.”
Pelo critério de idade adotado para a vacinação, essas áreas são privilegiadas, “em detrimento de regiões com composição etária mais jovem – ainda que estas regiões sejam locais de residência da população trabalhadora que mais se expõem ao vírus”.

O estudo também informa que “a população negra registra, já desde os primeiros meses da pandemia, as maiores taxas de mortalidade, configurando o grupo demográfico mais impactado pelos óbitos da Covid-19 na cidade de S. Paulo”. Há maior concentração de população preta e parda nas regiões pobres do que nas regiões ricas da cidade.

Conter a transmissão e reduzir as mortes implica uma ação estratégica focada nos grupos mais afetados pela pandemia.
Para o Instituto, é necessário, portanto, “repensar a priorização dos planos de vacinação, nacionais e estaduais para as pessoas com menos de 60 anos” identificando “regiões das cidades onde o vírus mais circula e onde ele mais faz vítimas”.
O Estudo está disponível em https://polis.org.br/estudos/priorizacao-territorial-populacao-menos-60/#

 

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