De junho de 2020 a maio de 2021, o acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência da inflação no Brasil, foi de 8,06%. Esse índice é 2,81 pontos superior ao teto da meta de inflação anual, de 5,25%, definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Dos nove grupos ponderados para cálculo do índice geral, peso mais acentuado em Alimentação e Bebidas, acumulado de 12,54% no período; Artigos de Residência, mais 12,61%; e Transportes, 14,94%.
A inflação de alimentos pune, especialmente, a família mais pobre. Ela compromete maior proporção de seu orçamento em mercados, feiras e quitandas. Dos produtos básicos, em doze meses o preço do óleo de soja se elevou em 86,8%; feijão fradinho, 58,04%; arroz, 51,83%; carnes, 38%. Mais modestos, aves e ovos encareceram 13,66%.
A cotação das commodities – produtos primários importados ou exportados, de alimentos a minérios – interfere na oferta interna. A moeda brasileira desvalorizada e o exterior vacinado comprando mais significa redução de estoques nas prateleiras e bancas nacionais. O frete também pesa: nos últimos doze meses, os combustíveis encareceram 47,49%, com o preço do etanol subindo 65,24%, o da gasolina, 45,8%, e o do óleo diesel, 39,6%. Os combustíveis têm sua variação ancorada no câmbio e cotação internacional, por política de preços definida pela área econômica, desde o governo Temer. O governo Dilma foi execrado por controlar preços nas refinarias, fazendo da Petrobras empresa de Estado no lugar de atender exclusivamente investidores internacionais ávidos por dividendos da petroleira.
O governo Bolsonaro está anunciando a recuperação do país – PIB, consumo e outras variáveis. Desemprego em alta, renda em baixa, produção industrial minguada, enfim, os números não confirmam o anúncio. Mas, ainda que assim fosse, comemorar tal recuperação serviria apenas ao governo, saudoso da ditadura militar, fazer renascer a velha máxima de então, repetida até mesmo pelos generais que se sucediam: o país vai bem; o povo é que vai mal.