Pesquisa intitulada Efeitos da pandemia na alimentação e na situação de segurança alimentar no Brasil, publicada em maio pela Universidade Federal de Minas Geral (UFMG), revelou que há “significativa ocorrência de insegurança alimentar entre 59,4% dos domicílios pesquisados no período da pandemia de agosto a dezembro de 2020”. A pesquisa foi coordenada pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, sediado no Instituto de Estudos Latino-Americanos Freie Universtität Berlin. Foram entrevistadas 2 mil pessoas.
Resumidamente, insegurança alimentar leve é caracterizada quando há preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro; insegurança moderada, quando há redução quantitativa de alimentos entre adultos; e insegurança grave, quando da redução quantitativa de alimentos também entre as crianças. Aqui, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
Enquadram-se em insegurança grave 15% dos domicílios pesquisados, em moderada, 12,7%, e em leve, 31,7%. A minoria – 40% restantes – enquadra-se em situação de segurança alimentar.
Diz o trabalho que “antes mesmo da pandemia de Covid-19 já se verificava uma tendência no Brasil de diminuição da segurança alimentar”. Destaca, para tanto, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, segundo a qual o melhor nível de segurança alimentar – 77,4% – ocorrera em 2013. A situação reverteu-se quatro anos depois a 63,3% – menos 14 pontos – com insegurança verificada, portanto, em 36,7% dos domicílios.
Alimentam a insegurança, segundo o estudo, “mudanças na agenda pública, baseadas na flexibilização e depreciação de direitos sociais consagrados – como as leis trabalhistas, a previdência social e a política de valorização do salário-mínimo – e no sistemático enfraquecimento de políticas e programas voltados à diminuição das desigualdades sociais”.
Na segunda-feira, 25 de maio, a UFMG apresentará palestra relativa a insegurança alimentar.