ESTANTE

150 mil sócios para dividir o ganho já consolidado.

E a Caixa Econômica Federal perdeu 17,5% de participação na Caixa Seguridade S.A., segundo fato relevante hoje (29) publicado pela Companhia agora com seu capital aberto. Se as ações foram negociadas, como se informa, a R$ 9,67, ingresso de R$ 5 bilhões. No fato relevante, menciona-se ganho bruto de R$ 3,3 bilhões.

Claro, esse volume de recursos será apropriado pela Caixa Econômica Federal uma vez, uma única vez, não mais que uma vez. Ele é inferior à rentabilidade, pela equivalência patrimonial, de um único ano, o de 2020, dada a participação da Caixa no resultado da Caixa Seguridade.

Em contrapartida, os novos acionistas passarão a receber os dividendos e, muito em breve, será dimensionado o tempo necessário para reaverem seu investimento inicial e único. Novos acionistas não acrescentarão ao balcão da Caixa, que é o que interessa a quem vende seguros, novos clientes: afinal, a Caixa já declara ter seus 142 milhões de CPF, ou dois terços do país; não acrescentarão qualquer produto que equipes da própria Caixa não tenham condição de desenvolver; não oferecerão ganhos extras aos seus novos empregados, aqueles contratados pela Caixa e, agora, também seus corretores.

É a privatização. O ganho aos novos sócios; a capacidade de execução de políticas de Estado, encolhida. E, por óbvio, contida a capacidade de investimento da própria instituição financeira.

A direção da empresa comemorará o resultado. E o futuro da Caixa? Pouco importa a essa gente que a dirige atualmente.

Comemorando o ganho de poucos

Frase atribuída pelo Valor Econômico ao Presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ao se referir à abertura de capital da Caixa Seguridade realizada ontem (29 de abril), na B3 S.A.: “na próxima vez em que tentarem utilizar a Caixa para coisas incorretas, teremos 150 mil vozes discordando disso”.

Em verdade, da próxima em que se pretender fazer da Caixa meio para o financiamento de políticas de Estado, financiadora de políticas sociais, de programas a mais de 200 milhões de cidadãos do país, o freio será acionado pelos 150 mil sócios saudados pelo Presidente. É básico: capital privado tem interesse privado, voltado a seus donos. Aliás, o pensamento liberal foi construído, ainda no século XVIII, sob a lógica do egoísmo, não do altruísmo.

You may also like

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

More in:ESTANTE