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Canais de atendimento Caixa, trabalho em casa e o especialista bancário

Sexto e último artigo relativo aos resultados da Caixa, base 2020.

Operações bancárias em agências, para além da porta giratória, estão rareando. Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária com 22 instituições financeiras, base 2019, revelou que por meio do Internet Banking e Mobile Banking foram realizadas 63% das transações do sistema e, em agências bancárias, apenas 6%.

A política das instituições financeiras é conhecida: seus clientes executam tarefas que caberiam a bancários, os bancos cobram tarifas elevadíssimas desses clientes e não empregam bancários. A tecnologia reduz o custo do banco, não o do cliente.

Na Caixa, segundo balanço de 2020, de 4,067 trilhões de transações, 55,4% se efetivaram pelo Celular-Smartphone e, pelo Internet Banking, 7,8%. Em revendedores lotéricos – agências bancárias sem que seus trabalhadores sejam reconhecidos como integrantes da categoria – 11,7% das transações. Por fim, Salas de Autoatendimento, Banco 24H, Compartilhamento BB e Caixa AQUI, 23,9%. No interior das agências, 1,2%. A Caixa, que em 2015 dirigia sua clientela ao autoatendimento e a lotéricos, transforma-se no banco de celular (Gráfico 1, com dados da Caixa – demonstrações financeiras do ano indicado)

Durante a pandemia a utilização de canais digitais se acentuou. Significa dizer que a quantidade de atendimento nas agências se reduziu? Não necessariamente. A contagem é de transações, não de clientes atendidos.

No caso da Caixa – o banco que não se escondeu na pandemia, diferentemente das três grandes instituições privadas – filas e mais filas dentro e fora das agências denunciam a precariedade nas condições de atendimento e a sobrecarga dos trabalhadores. Em seis anos, menos 18 mil bancários e mais 70 milhões de clientes, oscilação de variáveis não equacionada pela tecnologia. Exceto em operações convencionais, clientes precisam da intervenção de um bancário, em número a cada dia menor.

O trabalho em casa foi adotado por instituições financeiras e, segundo pesquisa Dieese de dezembro de 2020, alcançou no início da pandemia cerca de 230 mil bancários, ou 50% da categoria. Desse total, 27,2% preferem continuar nessa forma de trabalho, outros 42% optam por um regime misto e 26,5% preferem voltar ao regime presencial. Os bancos não darão ouvidos, obviamente: incluirão em convenção coletiva defesas a eventual passivo trabalhista. Bancos enxergam a economia com aluguéis, equipamentos, vales-transportes, tarifas de energia, demandas judiciais etc.

Bancos fazem o que querem, mas, indiretamente, a tecnologia reduz o trabalho bancário não especializado e amplia o especializado. Em tese, remuneração muito mais elevada.

A ver como a organização da categoria lidará com essa realidade.

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