O jornalista Paulo Henrique Amorim (1943-2019) atuou como repórter, correspondente internacional, apresentador em televisão. Passou pelo Jornal do Brasil, TV Globo e TV Record. Foi o editor do site Conversa Afiada. Por meio de PHA ficou famosa a denominação Partido da Imprensa Golpista (PIG), referência a veículos da mídia hegemônica, aí incluídos O Globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.
Em seu livro “O Quarto Poder – Uma outra história” (Editora Hedra, 2015) relata fatos envolvendo meios de comunicação. Entre eles, “Globo quebra, governo conserta”.
Diz PHA que, em março de 2002, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, o BNDES “montou uma operação de socorro financeiro à falida NET (antiga Globocabo), maior operadora de TV por assinatura do Brasil, controlada pela família Marinho: foi oferecido à empresa um crédito de 281 milhões de reais”. Destaca que “não se tratou de empréstimo, o que obrigaria a empresa a pagar pelo dinheiro recebido”. A operação “para salvar a empresa de Roberto Marinho” foi caracterizada como adiantamento de aumento de capital. Em troca do dinheiro, o BNDES recebeu ações da companhia, que até então, acrescenta o jornalista, “nunca havia operado no azul”. O BNDES transformou-se no segundo maior acionista da NET, com 22% do capital da empresa. O socorro não impediu a quebra. A Globopar Comunicações e Participações, holding que abrigava a NET, Globo.com e Editora Globo, anunciou em outubro de 2002 o não pagamento de suas dívidas. A TV Globo ficou de fora do calote.
Lembra PHA que a desvalorização do Real levou o “PIG a pressionar FHC por mudança na Constituição Federal”, para que se permitisse a investidores estrangeiros o controle de até 33% do capital das empresas de comunicação brasileiras. A Emenda Constitucional 36/2002 deu conta disso.
Hoje, a NET pertence à Claro S.A., empresa da América Móvil, do empresário mexicano Carlos Slim.
O livro de Paulo Henrique Amorim é carregado de histórias cômicas, embora em sua maioria trágicas. Vale a leitura.