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Os bilhões dos fundos sociais e a pretendida apropriação de ganhos da Caixa.

Este é o último artigo abordando os resultados da Caixa nos nove primeiros meses de 2020.

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é, como se sabe, mais que eventual socorro financeiro em desemprego imotivado ou mero auxílio ao financiamento habitacional. O fundo é financiador da atividade econômica e do crescimento.  

De janeiro a novembro de 2020, não obstante outro ano perdido muito mais em consequência do modelo econômico e menos pela pandemia, foram contratados pelo FGTS R$ 47,1 bilhões em habitação popular, R$ 851 milhões em infraestrutura urbana, R$ 690,6 milhões em Saúde, com benefícios a 8,1 milhões de cidadãos e, estima-se, criação de 1,1 milhão de empregos. Com esse valores somados a todos os demais programas, o FGTS registrou nesse período R$ 109,1 bilhões contratados, com 20 milhões de cidadãos atendidos e 2,677 milhões de empregos gerados.

A Caixa administra o Fundo e, em agosto de 2020, contabilizava saldo de R$ 544,2 bilhões, 90% do total dos fundos. Vale observar que tais fundos  mantêm saldos significativos em vários exercícios (tabela). Recorrentemente, porta-vozes do sistema financeiro defendem a descentralização da gestão do FGTS, sob a promessa de ganhos mais elevados aos titulares das contas. Descentralização não seria novidade: assim foi até final dos anos 1980 e, verdade que outra época, mas mal se tinha conhecimento dos saldos. Quanto à rentabilidade, ela é definida em lei, não pelo leilão do banco na barganha com o cliente. Aliás, a taxa de administração foi, inclusive, recentemente reduzida à metade.

Os bancos querem os recursos para deles fazerem o que querem. É isso.

Para que ao menos se tenha algum financiamento destinado ao desenvolvimento, especialmente quando se vislumbram duas décadas de investimentos públicos congelados, o FGTS deve permanecer na Caixa.

Conclusão

Comentários e indicadores da Caixa do terceiro trimestre de 2020 apresentados nos seis artigos publicados no Todo Plural revelam a sua viabilidade econômico-financeira e condição para executar políticas públicas tão necessárias aos cidadãos brasileiros. E seus números mostram o porquê há tantos interessados em privatizar produtos e serviços, meio para que alguns poucos se apropriem dos ganhos. São agentes que, sob o jargão financeiro da otimização, querem exclusivamente isso: a apropriação dos ganhos. 

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